Dr. Gabriel Cury

A pubalgia, também conhecida como pubeíte ou osteíte púbica, representa uma afecção dolorosa que afeta a sínfise púbica ou a origem adutora, intensificando-se progressivamente com a atividade física e aliviando-se com repouso e terapia fisioterapêutica.

Lamentavelmente, sua prevalência tem aumentado, particularmente entre adolescentes e jovens adultos envolvidos em esportes que exigem chutes repetidos e mudanças abruptas de direção, como rugby, hóquei, tênis e, especialmente, futebol. Esta última modalidade afeta, com maior frequência, os meio-campistas devido aos movimentos de toque de bola que envolvem a adução e rotação externa do quadril.

Tipos de Pubalgia

A pubalgia pode ser classificada em aguda (pubalgia traumática) ou crônica (pubalgia crônica), esta última relacionada a repetições. O mecanismo de lesão abrange movimentos repetitivos de hiperextensão do tronco associados à hiperabdução da coxa, resultando em tração no periósteo na inserção do músculo reto abdominal ou na origem do músculo adutor longo da pelve. Acredita-se que o excesso de tração muscular com vetores multidirecionais possa levar à degeneração da sínfise púbica.

Diagnóstico da Pubalgia

O diagnóstico da pubalgia é fundamentado em uma avaliação dos sintomas e em uma análise biomecânica. No exame clínico, destaca-se a sensibilidade agravada no tubérculo púbico anterior. A dor também pode ser provocada pela flexão do quadril, rotação interna e contração da musculatura abdominal. O diagnóstico eficaz requer uma correlação entre o histórico do paciente e as descobertas do exame físico.

Os exames de imagem, como radiografias simples e ressonância magnética, podem revelar a degeneração da sínfise púbica e o edema ósseo característico da lesão, respectivamente.

Imagem de Ressonância magnética, utilizada no diagnóstico da Pubalgia

É crucial diferenciar a pubalgia de outras condições, como a síndrome do músculo piriforme, tendinose do iliopsoas, osteíte púbica e outras.

Tratamento da Pubalgia

O tratamento conservador da pubalgia traumática, desde que não haja perda significativa de mobilidade, pode envolver repouso, anti-inflamatórios, aplicação de gelo, bandagens funcionais e acupuntura. Esse tratamento tem como foco o fortalecimento, alongamento e reequilíbrio dos grupos musculares afetados e é geralmente recomendado para atletas amadores.

Fisioterapia, importante aliado no tratamento.

No entanto, a abordagem deve ser ponderada, especialmente em atletas profissionais ou jovens aspirantes a profissionais. O afastamento prolongado do esporte pode impactar negativamente o desempenho e a carreira. Portanto, se o tratamento conservador falhar, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.

Cirurgia para Pubalgia

O procedimento cirúrgico para tratar a pubalgia envolve principalmente a tenotomia (liberação tendínea) dos tendões adutores e do reto abdominal em sua inserção comum na púbis. Isso é realizado com o paciente em uma mesa de tração, seguido de curetagem e perfuração do tubérculo púbico para estimular a migração de células-tronco e promover a revitalização da área afetada. A cirurgia é realizada através de uma incisão clássica de Pfannenstiel e, preferencialmente, com a assistência de um urologista para evitar lesões na uretra, bexiga e outras estruturas do trato geniturinário.

No período pós-operatório, a reabilitação deve ser iniciada o mais cedo possível, inicialmente focando no tratamento do hematoma, seguido do alongamento cirúrgico dos adutores, que, se negligenciado, pode levar a recidivas. Posteriormente, o foco é no fortalecimento, propriocepção e treinamento específico para o esporte, tudo supervisionado por uma equipe multidisciplinar.

Nota Importante: Este artigo visa fornecer informações, mas não substitui a consulta médica. O diagnóstico de lesões e as opções de tratamento variam de pessoa para pessoa, dependendo de diversos fatores individuais. Portanto, é essencial consultar sempre um médico para orientação adequada. As informações fornecidas aqui não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou autotratamento.

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