A Tendinite Patelar é uma das lesões por esforço repetitivo mais comuns que afetam o joelho. Diversos estudos epidemiológicos recentes demonstram que ela atinge cerca de 20 a 30% dos atletas e praticantes de esportes de alto impacto, como corrida de rua, trekking, basquete, tênis e squash. Em termos simples, a tendinite patelar é uma inflamação no tendão que liga a patela (rótula) à tíbia.
Anatomia do Tendão Patelar
O tendão patelar é uma estrutura fibrosa resistente que conecta a parte inferior da patela (polo inferior da patela) a uma proeminência óssea na tíbia chamada de tuberosidade tibial anterior. Ele é envolvido por uma fina membrana chamada peri-tendão, que fornece suprimento sanguíneo para a região. Qualquer alteração na vascularização dessa membrana pode levar ao desenvolvimento de uma tendinite patelar.
Função do Tendão Patelar
O tendão patelar desempenha um papel fundamental na extensão (esticamento) do joelho, permitindo que você realize movimentos como chutar, correr e pular. Além disso, ele trabalha em conjunto com o músculo quadríceps para desacelerar o movimento, crucial ao descer escadas ou ao frear durante atividades esportivas.
Causas da Tendinite Patelar
Existem várias hipóteses sobre as causas da tendinite patelar. A mais aceita sugere que, em algum momento, o músculo anterior da coxa (quadríceps) perde a capacidade de absorver o impacto devido a uma redução na qualidade de sua contração excêntrica. Isso cria uma sobrecarga no tendão patelar. Com o tempo, o tendão sofre estresse além de seus limites fisiológicos, resultando inicialmente em inflamação intensa e, posteriormente, em degeneração (dano e morte do tecido tendíneo).
Quem Pode Desenvolver a Tendinite Patelar
A tendinite patelar tende a afetar indivíduos que realizam atividades que envolvem saltos e aterrissagens bruscas, como jogadores de basquete, principalmente homens entre 20 e 30 anos. No entanto, também pode afetar pessoas mais velhas. Pessoas mais altas e com sobrepeso têm um risco maior devido ao maior braço de alavanca e energia cinética aplicados ao tendão patelar. Até 20% dos atletas que praticam esportes de salto podem desenvolver essa lesão.
Fatores de Risco da Tendinite Patelar
Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da tendinite patelar, incluindo:
- Atividade Física: Correr e saltar estão frequentemente associados à tendinite patelar, o que levou à sua designação como “joelho do saltador” em inglês. Aumentos bruscos no volume e na intensidade do treino, sem respeitar o tempo de recuperação, estão entre os principais fatores.
- Encurtamento ou Falta de Alongamento Muscular: Acredita-se que músculos da frente e de trás da coxa encurtados, como os quadríceps e isquiotibiais, possam aumentar a tensão no tendão patelar.
- Desequilíbrio Muscular: Quando músculos da frente da coxa são significativamente mais fortes do que os da parte de trás, pode ocorrer uma tração irregular no tendão, levando à tendinite.
- Doenças Crônicas: Algumas condições médicas, como insuficiência renal, doenças autoimunes como lúpus ou artrite reumatoide, e doenças metabólicas como diabetes, podem enfraquecer o tendão patelar devido à redução do fluxo sanguíneo para o joelho.
- Fatores Anatômicos: A anatomia, como a presença de uma patela alta ou com uma ponta proeminente, pode causar uma força anormal sobre o tendão, contribuindo para a inflamação.
Sintomas da Tendinite Patelar
A dor é o sintoma mais comum da tendinite patelar, geralmente ocorrendo após a atividade física e frequentemente sendo mais intensa à noite. A dor pode interferir no sono e dificultar atividades como subir e descer escadas, dirigir e manter o joelho dobrado por longos períodos. Com o tempo, a dor pode piorar e começar a afetar o desempenho esportivo.
Diagnóstico da Tendinite Patelar
O diagnóstico da tendinite patelar começa com uma história clínica detalhada. Geralmente, os sintomas de dor no joelho surgem após uma atividade intensa e persistem por alguns dias. O exame físico inclui testes biomecânicos para avaliar a contração excêntrica do quadríceps, a área de dor e a realização de exames de imagem, como ultrassom e ressonância magnética, para determinar a extensão da lesão.
Classificação da Tendinite Patelar
A tendinite patelar pode ser classificada em quatro fases, de acordo com a duração dos sintomas:
- Fase 1 – Dor após a atividade, sem impacto no desempenho esportivo.
- Fase 2 – Dor durante e após a atividade, afetando o sono.
- Fase 3 – Dor que impede a prática esportiva.
- Fase 4 – Ruptura completa do tendão, exigindo cirurgia.
Tratamento Não Cirúrgico da Tendinite Patelar
O tratamento da tendinite patelar é baseado na idade, nível de atividade física e extensão da lesão do tendão. Opções de tratamento incluem:
- Medicamentos: Analgésicos e anti-inflamatórios podem aliviar temporariamente a dor.
- Fisioterapia: A fisioterapia excêntrica visa fortalecer o músculo quadríceps, melhorar a função do tendão e promover a cicatrização.
- Terapia por Ondas de Choque (TOC): Essa técnica utiliza pulsos de ondas de choque para estimular a cicatrização do tendão.
- Fortalecimento Muscular: Programas de fortalecimento muscular, supervisionados por fisioterapeutas e educadores físicos, são essenciais para a reabilitação.
- Ortóteses: Alguns pacientes podem se beneficiar do uso de órteses, como cintas pré-patelares, para reduzir a tensão sobre o tendão.
- Infiltração de medicamentos: A infiltração associada a outros métodos de tratamento tem ótimos resultados.
Tratamento Cirúrgico da Tendinite Patelar
A cirurgia é considerada em casos de tendinite do polo inferior da patela, quando há ruptura e degeneração do tendão. As indicações incluem atletas ativos com pré-ruptura do tendão que não respondem ao tratamento conservador. Duas técnicas cirúrgicas são comuns:
- Artroscopia: Uma abordagem minimamente invasiva que envolve raspagem do tendão e remoção de áreas degeneradas.
- Cirurgia Aberta: Uma abordagem mais invasiva que envolve corte e remoção de áreas degeneradas, seguida de imobilização e reabilitação mais longa.
Complicações da Tendinite Patelar
A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A ruptura espontânea do tendão é uma complicação temida, exigindo cirurgia imediata.
Prevenção da Tendinite Patelar
Para prevenir recidivas da tendinite patelar, é importante:
- Manter programas de fortalecimento muscular excêntrico.
- Realizar avaliações médicas regulares para verificar a saúde do tendão e o equilíbrio muscular.
- Treinar sob a supervisão de um treinador experiente.
- Realizar aquecimento adequado antes do esporte.
- Evitar sobrecargas súbitas durante o treino.
Lembre-se de que o diagnóstico e tratamento adequados são essenciais para lidar com a tendinite patelar. Consulte sempre um especialista em ortopedia para avaliar sua condição e desenvolver um plano de tratamento personalizado.
Nota Importante: Este artigo visa fornecer informações, mas não substitui a consulta médica. O diagnóstico de lesões e as opções de tratamento variam de pessoa para pessoa, dependendo de diversos fatores individuais. Portanto, é essencial consultar sempre um médico para orientação adequada. As informações fornecidas aqui não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou autotratamento.